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Zumbido tipo asas de borboleta | Dra. Daniela Janolli

Zumbido tipo asas de borboleta: qual a sua causa?

Introdução

Um tipo de zumbido mais raro é aquele que se apresenta como um ritmo de cliques ou um bater de asas de borboleta no ouvido. Esse zumbido pode ocorrer em um ouvido ou em ambos, e pode variar entre cliques, bater de asas e um zumbido contínuo.

Também pode vir acompanhado de sensação de ouvido cheio, entupido ou abafado, além de uma sensação de vibração no ouvido. Isso ocorre devido a um mau funcionamento dos músculos que temos dentro do ouvido.

Entendendo a anotomia do ouvido médio

O ouvido médio consiste no tímpano e em uma pequena câmara cheia de ar, que contém uma cadeia de três ossículos conectando o tímpano ao ouvido interno.

Primeiramente, nomeamos esses ossículos de acordo com seu formato: o martelo, ligado ao tímpano; a bigorna, entre o martelo e o estribo; e o estribo, que ocupa e fecha a janela oval. As vibrações do tímpano são amplificadas pelos ossículos e transmitidas à janela oval.

Além disso, no ouvido médio, encontramos dois músculos muito pequenos. O músculo tensor do tímpano, ligado ao martelo, regula o tom e protege o ouvido. Por outro lado, o músculo estapédio, ligado ao estribo, se contrai em resposta a ruídos intensos, aumentando a rigidez da cadeia de ossículos e reduzindo a intensidade do som transmitido. Esse reflexo acústico protege o ouvido interno de danos causados por sons altos.

Portanto, esses músculos respondem a sons.

Anatomia do Ouvido Médio | Dra. Daniela Janolli
Anatomia do Ouvido Médio (Fonte: Wikimedia Commons)

Relação entre som alto e o zumbido tipo asas de borboleta

A audição percorre o seguinte caminho: o som faz o tímpano vibrar, e ao vibrar, ele gera um movimento nos ossinhos do ouvido.

Os músculos do ouvido médio estão ligados a dois desses ossos e, quando há sons altos, o músculo impede o osso de vibrar, como uma rédea pode segurar um cavalo. Ao fazer isso, o som não consegue se propagar com tanta intensidade, o que evita o trauma acústico se esse som for de curta duração.

Muitas vezes, os sons altos não têm uma duração curta, portanto, não é incomum que o sintoma de bater de asas de borboleta no ouvido comece após a exposição a um som alto.

Causas clínicas do zumbido tipo asas de borboleta

Por diversas razões, além do trauma acústico, esses músculos podem não funcionar como deveriam, incluindo bruxismo, disfunção da articulação temporomandibular, alterações neurológicas, tensão e estresse.

Quando esses músculos estão disfuncionais, dois transtornos, descritos abaixo, podem ser desencadeados (juntos ou separados).

Mioclonia dos Músculos da Orelha Média

Contrações involuntárias, repetidas e rápidas dos músculos dentro do ouvido (os músculos tensor do tímpano e estapédio) geram um zumbido semelhante ao bater de asas de uma borboleta ou a um pulsar. Esse zumbido pode ser regular ou irregular, constante ou intermitente, em um ou ambos os ouvidos. A intensidade e o timbre do zumbido variam entre os pacientes.

Essas contrações também podem gerar a sensação de “entupir e desentupir o ouvido”, vibrar no ouvido, além de cliques no ouvido que podem ser referidos como asas de borboleta, ou um inseto batendo dentro do ouvido.

Confirmamos o diagnóstico ao examinar o ouvido com um otoscópio (aquele aparelho para visualizar o tímpano) e visualizar o tímpano “tremendo”. Esse tipo de zumbido, às vezes, pode ser ouvido por outra pessoa como cliques. Essa condição também pode gerar incômodo e intolerância a sons.

Além disso, essas contrações podem estar associadas a disfunções da articulação temporomandibular, bruxismo, trauma acústico, espasmos faciais e tuba auditiva patente. Até hoje, não sabemos exatamente o que causa essas contrações involuntárias.

Um vídeo interessante mostra, com uma câmera e microfone dentro do ouvido, o som emitido pela mioclonia em um paciente (lembre-se de que nem todos têm o timbre do som igual).

Abaixo, um vídeo mostra os músculos dentro do ouvido “tremendo” (contraindo).

Como é o tratamento da Mioclonia dos Músculos da Orelha Média?

O tratamento dessa condição é realizado com medicamentos, fisioterapia e outras terapêuticas associadas à causa que gerou o sintoma. Quando medicamentos ou fisioterapia não surtem o efeito desejado, é possível considerar a opção cirúrgica de secção desses músculos.

Síndrome Tônica do Tensor do Tímpano

Também relacionada ao bruxismo, disfunção da articulação temporomandibular, alterações neurológicas, tensão e estresse, e trauma acústico, a síndrome tônica do tensor do tímpano ocorre quando o músculo tensor do tímpano está contraído e hiperativo em um ou ambos os ouvidos.

Essa síndrome gera a sensação de ouvido abafado ou entupido, dormência ou calor no ouvido afetado, dor no ouvido e zumbido que geralmente é constante. Pode também causar tontura e dor de cabeça.

O diagnóstico da síndrome tônica do tensor do tímpano é clínico, baseado nos sintomas apresentados. Às vezes, a timpanometria pode estar alterada, mas não existe um exame específico para o seu diagnóstico. Por isso, uma avaliação especializada é importante.

Como é o tratamento da Síndrome Tônica do Tensor do Tímpano?

Um dos tratamentos dessa condição é a fisioterapia, que visa relaxar os músculos da face e aliviar a tensão ligada à sindrome, dado que o nervo trigêmeo também inerva o músculo tensor do tímpano. Medicamentos e outras opções terapêuticas associadas à causa que gerou o sintoma, como a psicologia, que ajuda a controlar a ansiedade e o estresse, também são consideradas.

Assim como na condição anterior, quando os tratamentos conservadores não surtem o efeito desejado, é possível considerar a opção cirúrgica de secção desses músculos.

Vale frisar que os medicamentos em ambos os transtornos são da classe dos anticonvulsivantes, como a pregabalina, ou relaxantes musculares centrais, como o baclofeno.

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

Referências:
Cleveland Clinic

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