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Investigação do Zumbido: o que buscamos na entrevista médica | Dra. Daniela Janolli

Investigação do Zumbido: o que buscamos na entrevista médica

O zumbido é, sem dúvida, um dos sintomas mais intrigantes e enigmáticos da medicina moderna. Aliás, muitas vezes descrito como “místico”, ele representa um desafio tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. Embora a medicina tenha avançado na compreensão e no tratamento dessa condição, ainda caminha a passos lentos na investigação das causas do zumbido.

Portanto, exames normais não indicam, necessariamente, que o zumbido não possui uma causa. Afinal, em muitos casos, a avaliação pode não ter sido suficientemente detalhada, ou os exames disponíveis ainda não alcançaram o nível de sofisticação necessário para identificar as razões subjacentes ao sintoma. Assim sendo, se você ouvir: “Está tudo normal, você não tem nada”, busque uma segunda opinião. Afinal, ferramentas diagnósticas podem falhar, e o zumbido merece uma investigação cuidadosa.

O papel central da entrevista médica

A consulta médica para investigar o zumbido é inegavelmente detalhada. Afinal, grande parte das hipóteses diagnósticas surge diretamente das respostas que o paciente fornece durante a entrevista. Assim sendo, aqui estão os principais pontos que avaliamos e que você pode antecipar ao consultar um especialista:

Características do Som

  • Qual é a natureza do som que você ouve? É um apito, chiado, ou talvez um som pulsante que acompanha os batimentos cardíacos?
  • O som é agudo (fino) ou grave (grosso)? Ele é constante ou intermitente?

Muitas vezes, o médico pode pedir para você imitar o som ou apresentar exemplos para identificar o mais próximo do que você escuta.

Duração e Frequência

  • Quando começou o zumbido? Ele tem horário específico para aparecer?
  • O sintoma é contínuo ou ocorre esporadicamente? Caso seja intermitente, o que parece desencadeá-lo?

Exemplo: Em casos como disfunção da articulação temporomandibular (ATM), o zumbido pode ser esporádico, aparecendo apenas durante crises de apertamento ou bruxismo.

Fatores de Melhora ou Piora

  • Existe algo que piora ou alivia o zumbido? Por exemplo:
    • Sons específicos, dores de cabeça ou no pescoço, estresse, jejum ou até alimentos como álcool, café e açúcar podem influenciar o sintoma.
  • Para algumas pessoas, o timbre do zumbido varia. Identificar gatilhos que causam essas mudanças é fundamental.

Caso você não identifique de imediato os fatores desencadeantes, o uso de um diário do zumbido pode ajudar. Registre fatores como:

  • Alimentação
  • Sono
  • Níveis de estresse
  • Exposição a sons ou atividades físicas
  • Sintomas associados, como tontura ou dor de cabeça.

Localização e Intensidade

  • O zumbido está em um ouvido ou nos dois? Ou você o percebe na cabeça?
  • Há um lado onde ele é mais intenso?
  • Qual é o nível de incômodo? Muitos profissionais utilizam questionários padronizados, como o THI (Tinnitus Handicap Inventory), para quantificar o impacto do zumbido na sua vida.

Histórico de Exposição ao Ruído

  • Você esteve exposto a ruídos altos no trabalho ou no lazer (baladas, shows, fones de ouvido)?
  • Existe histórico de trauma auditivo, como perfuração do tímpano, cirurgias ou infecções frequentes no ouvido?

Sintomas Associados

O zumbido pode ser acompanhado de outras queixas importantes, como:

  • Tontura: Precisamos detalhar a duração, intensidade e os gatilhos dessa tontura.
  • Dor de ouvido ou infecções: Há histórico de cirurgias ou vazamento de líquido do ouvido?
  • Problemas nasais: Condições como rinite, sinusite ou desvio de septo podem influenciar o zumbido.
  • Dores de cabeça ou enxaquecas: Relacionadas ao zumbido em condições como hipertensão intracraniana ou alterações neurológicas.
  • Sensação de ouvido entupido: Comum em disfunções da ATM ou Síndrome de Ménière.

Condições Gerais e Estilo de Vida

Para compreender o zumbido de forma abrangente, investigamos também:

  • Saúde emocional e rotinas diárias: Estresse, qualidade do sono, satisfação com a vida e o trabalho.
  • Doenças pré-existentes: Diabetes, problemas de tireoide, alterações no colesterol, hipertensão e condições neurológicas.
  • Uso de medicamentos: Alguns antidepressivos, antibióticos e anti-inflamatórios podem desencadear ou piorar o zumbido.

Histórico Familiar

  • Há casos de perda auditiva, zumbido ou tontura na sua família?
  • Alguém da família usa aparelhos auditivos? Se sim, a que idade começou a perda auditiva?

Considerações finais

A consulta médica na investigação do zumbido é, decerto, minuciosa, pois cada detalhe pode fornecer pistas fundamentais para o diagnóstico. Além disso, é importante lembrar que a investigação pode levar tempo, o que exige paciência tanto quanto dedicação, tanto do profissional quanto do paciente.

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O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

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