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Tontura pode ser algo grave? | Dra. Daniela Janolli

Tontura pode ser algo grave?

A tontura é uma sensação desconfortável de instabilidade ou desequilíbrio, que pode ser acompanhada de outros sintomas, como náuseas, vertigem ou sensação de desmaio.

Embora a tontura possa ter causas benignas e temporárias, ela também pode ser sintoma de condições médicas que necessitam de avaliação e tratamento imediato.

Síndrome Vestibular Aguda

A Síndrome Vestibular Aguda (SVA) surge de forma repentina, causando vertigem intensa, geralmente acompanhada de náuseas e, em alguns casos, vômitos. Além disso, os pacientes frequentemente apresentam caminhar instável, dificuldade para se manter em pé e intolerância à movimentação da cabeça. Esses sintomas podem durar de dias a semanas, dependendo da causa subjacente da síndrome.

Embora distúrbios do labirinto, como a neurite vestibular, sejam causas comuns da Síndrome Vestibular Aguda (SVA), condições neurológicas que afetam o cérebro ou o cerebelo também podem desencadear o quadro. Nesses casos, a síndrome pode indicar lesões graves, como um infarto cerebral ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Estudos observacionais revelam que mais de 25% das ocorrências de SVA em serviços de emergência estão relacionadas a infartos cerebrais centrais.

Portanto, é essencial que qualquer quadro de tontura seja investigado de forma cuidadosa e detalhada. O diagnóstico precoce depende de uma anamnese minuciosa e de um exame físico rigoroso, pois essas ferramentas são cruciais para diferenciar as causas periféricas das centrais e para garantir o manejo adequado do paciente. A abordagem precisa é fundamental, visto que, se não tratada corretamente, uma causa central da síndrome vestibular aguda pode levar a complicações mais sérias.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O AVC, também conhecido como derrame cerebral, é uma das causas mais sérias de tontura. O AVC ocorre quando há uma interrupção no fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro, o que pode resultar em danos cerebrais. A tontura associada ao AVC é frequentemente acompanhada de outros sintomas como fraqueza em um dos lados do corpo, dificuldade para falar, perda de visão e falta de coordenação. O tratamento precoce é crucial para minimizar os danos e melhorar as chances de recuperação.

Infarto Cerebral ou Isquemia Transitória (TIA)

Uma isquemia transitória, ou mini-AVC, é uma interrupção temporária do fluxo sanguíneo para o cérebro que pode causar tontura súbita, perda de equilíbrio, dificuldade para falar e outros sintomas neurológicos. Apesar de os sintomas se resolverem em poucas horas, a TIA é um sinal de alerta para um possível AVC mais grave no futuro. Portanto, a avaliação imediata é necessária para evitar complicações.

Labirintite

A labirintite é a inflamação do labirinto, uma estrutura complexa no ouvido interno que inclui tanto a cóclea, responsável pela audição, quanto o labirinto. A condição ocorre quando uma infecção — geralmente viral — afeta o labirinto, causando alterações no envio de sinais para o cérebro. Essa disfunção pode resultar em vertigem, desequilíbrio, perda auditiva e outros sintomas. A labirintite pode ser classificada em duas formas principais:

  • Labirintite Viral: A forma mais comum, frequentemente causada por infecções virais do trato respiratório superior, como resfriados ou gripes. Os vírus mais comuns associados à labirintite viral incluem o vírus herpes simplex, o vírus da caxumba e o vírus da gripe.
  • Labirintite Bacteriana: Embora menos comum, a labirintite bacteriana pode ocorrer após uma infecção grave, como uma otite média (infecção no ouvido médio) ou uma meningite. Ela pode ser muito mais grave e levar a complicações mais sérias.

O principal sintoma da labirintite é a vertigem, que é uma sensação intensa de rotação ou movimento, frequentemente acompanhada por náuseas, vômitos, zumbido no ouvido (tinnitus), perda auditiva temporária e dificuldade de manter o equilíbrio. Em casos mais graves, pode haver dificuldades significativas para andar ou realizar atividades cotidianas, devido à instabilidade.

Desidratação e Desequilíbrios Eletrolíticos

Cerca de 60% do corpo humano é composto por água, que desempenha funções essenciais, como manter a pressão arterial, transportar nutrientes e eliminar resíduos. Quando o corpo perde líquidos em excesso, seja por suor excessivo, febre, vômitos, diarreia ou ingestão insuficiente de líquidos, o volume sanguíneo diminui. Essa redução limita o fluxo de sangue para o cérebro, causando tontura, fraqueza e, em casos extremos, desmaios.

Além disso, a desidratação pode afetar o equilíbrio dos eletrólitos, como sódio e potássio, que são fundamentais para a função das células nervosas e musculares. A perda desses minerais pode afetar os sinais nervosos que ajudam a manter o equilíbrio, agravando ainda mais a tontura.

Embora a tontura causada pela desidratação geralmente melhore com a ingestão de líquidos, casos mais graves podem indicar problemas mais sérios. Sem o tratamento adequado, a desidratação pode reduzir perigosamente a pressão arterial, resultando em hipotensão, que é a redução excessiva da pressão arterial. Essa condição provoca tonturas intensas, dificuldade para ficar em pé e até desmaios, aumentando o risco de quedas e lesões.

Desmaios

A tontura que ocorre antes ou durante um desmaio é um sintoma que merece atenção imediata, pois pode indicar um problema subjacente no sistema cardiovascular, neurológico ou metabólico. O desmaio, também conhecido como síncope, acontece quando a pessoa perde a consciência de forma súbita e temporária, geralmente devido a uma queda rápida na pressão arterial ou à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro.

Muitas pessoas descrevem a tontura que antecede o desmaio como desorientação, fraqueza, visão turva ou sensação de “cabeça leve.” Esses sintomas costumam durar de segundos a minutos antes do desmaio ocorrer.

Esse tipo de tontura ocorre porque o cérebro, privado de oxigênio e nutrientes devido à diminuição do fluxo sanguíneo, não consegue funcionar adequadamente. As causas mais comuns de desmaio incluem hipotensão ortostática (queda de pressão ao levantar-se), arritmias cardíacas, desidratação ou até problemas neurológicos. Em casos mais graves, a síncope pode ser um sinal de condições como doenças cardíacas, disfunções no sistema nervoso central ou problemas metabólicos, como hipoglicemia.

Embora muitas vezes o desmaio seja benigno e causado por fatores temporários, como calor excessivo ou esforço físico intenso, ele pode ser o primeiro sinal de uma condição médica séria. Portanto, sempre que um desmaio ocorrer, especialmente se houver histórico de problemas cardíacos, doenças vasculares ou sintomas associados (como dor no peito, dificuldade respiratória ou convulsões), é crucial procurar avaliação médica imediatamente.

O diagnóstico precoce pode ajudar a identificar a causa do desmaio e iniciar o tratamento adequado antes que uma condição mais grave se desenvolva, prevenindo complicações como quedas, lesões ou problemas mais sérios de saúde.

Hipoglicemia

A tontura associada à hipoglicemia é frequentemente descrita como uma sensação de desorientação, fraqueza, visão turva e sensação de “cabeça leve”, que pode progredir para dificuldades de concentração e até desmaios, se os níveis de glicose continuarem a cair.

Esses sintomas ocorrem porque o cérebro, privado da energia necessária, começa a funcionar de maneira ineficiente. Além disso, a hipoglicemia também ativa a liberação de adrenalina (hormônio responsável pela resposta ao estresse), o que pode causar tremores, aumento da frequência cardíaca e sudorese excessiva, agravando ainda mais a sensação de tontura.

A hipoglicemia pode ser causada por vários fatores, como uso excessivo de medicamentos para diabetes, jejum prolongado, consumo excessivo de álcool ou desequilíbrios hormonais. Quando a hipoglicemia ocorre de forma inesperada ou severa, os sintomas podem rapidamente piorar, levando a confusão mental, desmaios e até risco de coma. Portanto, avaliar e tratar a hipoglicemia rapidamente é crucial.

Considerações finais

A tontura é um sintoma comum, mas quando é intensa, persistente ou acompanhada de outros sinais graves, pode ser indicativa de condições médicas sérias, como AVC, arritmias cardíacas, distúrbios hidroeletrolíticos.

Identificar rapidamente a causa subjacente da tontura é essencial para evitar complicações graves e garantir um tratamento eficaz. Se a tontura for acompanhada de sintomas como perda de força, dificuldade para falar, dor no peito, ou perda de visão, é fundamental procurar atendimento médico imediato.

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

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