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Tontura causada pelo pescoço. É possível? Tem alguma relação?

O labirinto costuma ser responsabilizado por todas as formas de tontura, mas o pescoço também pode causar tontura se houver algum desequilíbrio, como o desalinhamento da parte superior devido a um trauma.

Introdução

Para começar a entender essa relação, vamos entender como funciona o seu equilíbrio.
Como funciona o seu Labirinto? | Dra. Daniela Janolli
Seus olhos, pescoço (músculos e articulações), medula espinal, tato, pernas, pés e labirintos enviam informações ao cérebro, que as processa para entender sua situação. Ele identifica, por exemplo, se você está em pé, andando, deitado, movimentando a cabeça ou em um carro, elevador, avião, entre outros.

A conexão entre pescoço e equilíbrio

A relação entre o pescoço e o equilíbrio é complexo como o mapa de um metrô | Dra. Daniela JanolliPense no cérebro como um mapa de metrô: trens trazem informações de diversas partes do corpo, e, em algumas estações (ou níveis do cérebro), essas linhas se conectam e trocam informações, como entre olhos e pescoço, labirinto e olhos, ou labirinto e pescoço.

Como eu expliquei na primeira imagem, o pescoço atua como um dos sensores responsáveis pelo seu equilíbrio, então problemas nessa região podem causar tontura.

A coluna cervical é a parte mais alta da coluna vertebral e consiste em sete vértebras, com discos amortecedores entre elas. Além disso, cada vértebra tem duas articulações na parte traseira, chamadas articulações facetárias. Essas estruturas, junto com os músculos, ligamentos, tendões e nervos, controlam os movimentos do pescoço.

Os nervos presentes nos músculos e articulações facetárias dessa região enviam informações sobre a posição do pescoço, permitindo que ele se coordene com os olhos e o ouvido interno. Assim, vários sistemas trabalham juntos para manter seu equilíbrio e postura.

Para manter o equilíbrio normal, você deve garantir que todas as informações recebidas pelo sistema de equilíbrio estejam sincronizadas. Se houver algum desequilíbrio, como o desalinhamento da parte superior do pescoço devido a trauma ou má postura, você pode sentir dor no pescoço e tontura.

Alguns motivos de tontura causada pelo pescoço

Eu sei, isso pode ser novidade para você, já que o labirinto geralmente leva a culpa por todas as tonturas. Um exemplo clássico dessa relação é o Whiplash, ou efeito chicote. Já ouviu falar?

Uma frenagem brusca ou acidente de carro pode causar um movimento violento do pescoço, fazendo-o ir para trás e para frente rapidamente, o que pode resultar em lesões nos músculos, vértebras, nervos e ligamentos.Tontura causada pelo pescoço: Whiplash ou efeito chicote
Esse tipo de lesão gera dor no pescoço e na cabeça, mas também pode ser acompanhada de tontura e zumbido. A tontura pode surgir logo após o trauma ou, em alguns casos, anos depois, devido a uma cicatrização inadequada das estruturas lesadas.

No entanto, o Whiplash não é a única condição que pode causar tontura.

A cervicalgia (dor na região cervical) que causa rigidez nos músculos do pescoço e ombros também pode desencadear tontura. Todos já passaram por um torcicolo ou acordaram com o pescoço rígido após uma noite em posição desconfortável, ou até após horas de home office.

Ao mover a cabeça, o paciente pode sentir tontura, já que o movimento muscular durante a rotação da cabeça exige contração ou relaxamento. Quando há uma contratura muscular, esse movimento não envia o sinal adequado ao cérebro.

Esse conflito de informações resulta em tontura, pois, ao mover a cabeça, o labirinto e os olhos informam o movimento, mas o pescoço não transmite a mesma mensagem corretamente.

Sintomas: o que esperar da tontura causada pelo pescoço?

Dois principais tipos de sintomas:

  • Instabilidade ou desequilíbrio intermitente, com duração de minutos ou horas.
  • Vertigem (sensação de que tudo está se movendo) ao movimentar a cabeça, com duração de minutos — muitas vezes confundida com a Vertigem Posicional Paroxística Benigna. Nesse caso, é comum a pessoa apresentar restrição nos movimentos do pescoço.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é baseado na história dos sintomas, no exame físico e, em alguns casos, exames como a vectonistagmografia podem fornecer pistas adicionais.

No entanto, é importante descartar outras causas, já que a tontura é um sintoma frequente em algumas condições, que podem ser observadas quando analisamos os sintomas de forma isolada. As mais comuns são:

  • A VPPB, ou Vertigem Posicional Paroxística Benigna, também conhecida como ‘tontura dos cristais’, é uma condição comum que causa episódios breves de vertigem rotatória. Esses episódios ocorrem quando pequenos cristais de carbonato de cálcio, chamados otólitos, se deslocam do seu local original no ouvido interno e entram nos canais semicirculares. Movimentos da cabeça, como ao se deitar ou levantar, desencadeiam a VPPB. Embora possa causar desconforto, a condição é benigna e tratável.
  • A Enxaqueca Vestibular combina episódios de tontura ou vertigem com dores de cabeça, frequentemente afetando mulheres adultas. Esses episódios podem vir acompanhados de sensibilidade à luz e ao som e geralmente ocorrem em indivíduos com histórico de enxaqueca, sendo desencadeados por estresse, alterações hormonais ou certos alimentos.
  • A TPPP, ou Tontura Postural Perceptual Persistente, é um tipo de tontura crônica de origem psicológica. Ela se caracteriza por episódios breves de desequilíbrio e vertigem desencadeados por situações específicas, frequentemente associada a distúrbios de ansiedade ou depressão.

Por fim, o diagnóstico é confirmado pela melhora após o tratamento.

E o tratamento para uma tontura causada pelo pescoço?

O tratamento envolve realizar fisioterapia com um profissional especializado, pois a conexão do pescoço com o equilíbrio torna essa região sensível a manipulações inadequadas. É preciso ter cuidado! Uma massagem sozinha não resolve o problema e, em alguns casos, pode até agravar os sintomas.

Mas então não é Labirintite?

Atenção com termos genéricos para descrever os sintomas — o tratamento depende de um diagnóstico ou de hipóteses diagnósticas específicas para cada caso!

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

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