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Investigação da Tontura: Quais exames são utilizados pelo Otorrinolaringologista?

Investigação da Tontura: Quais exames são utilizados pelo Otorrinolaringologista?

A tontura é um sintoma comum que pode surgir devido a diversas condições, afetando tanto a qualidade de vida quanto a capacidade de realizar tarefas cotidianas. Ao investigar sua causa, podem ser necessários exames complementares a fim de auxiliar na investigação da tontura.

Este artigo explicará os principais exames que podem ser solicitados, frequentemente utilizados para identificar a origem do problema.

Como funciona o equilíbrio?

Primordialmente, o equilíbrio do corpo humano depende de um sistema complexo de sensores que trabalham juntos para que enviem informações ao cérebro, permitindo, assim, ajustes nos movimentos e mantendo-nos em pé, mesmo durante o movimento. Esses sensores incluem:

  1. Visão: Nossos olhos ajudam a detectar a posição do corpo em relação ao ambiente, o que é essencial para manter o equilíbrio.
  2. Labirintos (sistema vestibular): Dentro do ouvido interno, os labirintos possuem estruturas sensoriais que, primeiramente, detectam movimentos de rotação e aceleração, além disso, enviam sinais ao cérebro sobre nossa posição e movimentos no espaço.
  3. Sistema proprioceptivo: Composto por sensores presentes nos músculos e articulações, esse sistema fornece informações sobre a posição do corpo e o movimento dos membros.

Assim sendo, quando esses sistemas falham ou suas informações não são integradas corretamente, episódios de tontura ou vertigem podem surgir. De fato, o cérebro precisa processar os sinais provenientes desses três sistemas, e uma falha na comunicação entre eles pode resultar em desorientação.

Reflexos Vestibulares

Além disso, dois reflexos importantes para o equilíbrio devem ser mencionados:

  • Reflexo Vestíbulo-ocular (RVO)
    Esse reflexo permite que os olhos acompanhem o movimento da cabeça, estabilizando a visão durante os movimentos corporais. Assim, ele impede que as imagens fiquem borradas enquanto nos movemos. Ademais, esse reflexo é mantido pelo estímulo do labirinto: ao movimentarmos a cabeça para um lado, o líquido dentro do labirinto também se movimenta, estimulando suas estruturas.Esse estímulo é enviado ao cérebro, que, por sua vez, envia um comando aos olhos para que se movimentem no sentido oposto ao movimento da cabeça. Dessa maneira, enxergamos a imagem parada enquanto movimentamos a cabeça, diferentemente do que ocorre, por exemplo, ao assistir a um vídeo gravado com o celular em movimento.
  • Reflexo Vestibuloespinal
    Esse reflexo é responsável por ajudar a manter a postura corporal. Ele responde aos estímulos do sistema vestibular, ajustando os músculos do corpo a fim de prevenir quedas e assegurar a estabilidade durante os movimentos.
Portanto, agora que entendemos o funcionamento do equilíbrio, vamos explorar os principais exames que os otorrinolaringologistas utilizam na investigação da tontura.

Exames comuns na investigação da Tontura

1. Eletronistagmografia (ENG) ou Vectonistagmografia ou Videonistagmografia ou Otoneurológico completo

Princípio Fisiológico
Esses exames analisam os movimentos involuntários dos olhos (nistagmo) como resposta a estímulos do sistema vestibular, sobretudo dos labirintos.

Como é feito?
O médico posiciona o paciente em uma cadeira, aplicando estímulos visuais e de temperatura nos ouvidos, enquanto sensores (eletrodos) ao redor dos olhos registram os movimentos oculares. Na videonistagmografia, uma câmera captura esses movimentos, o que permite uma análise detalhada da resposta ocular.

Preparos
Evite usar medicamentos que possam interferir nos resultados, como sedativos (Dramin, Meclin, Cinarizina, Vertix, Vertizine, benzodiazepínicos) ou álcool, por pelo menos 48 horas antes do exame. Além disso, não utilize maquiagem no dia do procedimento. É recomendável levar um acompanhante para o exame. Caso orientem suspender outras medicações de uso contínuo, como antidepressivos, confirme previamente com seu médico se a suspensão é realmente necessária.

Finalidade
O exame detecta disfunções vestibulares, especialmente quando ocorre redução no funcionamento dos labirintos.

Indicações
Tontura persistente, vertigem, desequilíbrio, e quando há suspeita de disfunção vestibular.

Interpretação e Resultados
Os principais resultados do exame incluem:

  • Disfunção vestibular periférica deficitária unilateral: indica que um dos lados do labirinto não funciona adequadamente.
  • Disfunção vestibular periférica deficitária bilateral: aponta que ambos os labirintos apresentam funcionamento inadequado.
  • Disfunção vestibular central: sugere que os achados podem indicar uma alteração no cérebro ou cerebelo.
  • Disfunção vestibular por hiperreflexia: caracteriza-se pelo aumento da resposta do sistema vestibular.

É essencial que o médico analise os gráficos gerados pelo exame, além do laudo final, a fim de que a interpretação seja mais precisa.

Esse é o principal exame coberto pelos planos de saúde, visto que permite avaliar o funcionamento dos labirintos. Além disso, ele é útil na suspeita de condições como neurite vestibular, presbivestibulopatia e hipofunção vestibular uni ou bilateral.

Vídeos

Assista-os para obter mais informações sobre como o exame é realizado, bem como sobre a análise de possíveis resultados.

2. Video Head Impulse Test (vHIT)

Princípio Fisiológico
O vHIT avalia a função do reflexo vestibuloocular (RVO), que estabiliza a visão durante os movimentos rápidos da cabeça.

Como é feito?
O paciente coloca óculos equipados com câmeras que, então, monitoram os movimentos oculares, enquanto o médico realiza movimentos rápidos e imprevisíveis na cabeça. O exame avalia se os olhos conseguem manter o foco no alvo durante os movimentos. Aliás, essa avaliação é interessante porque permite analisar cada canal do labirinto, algo que o exame de eletronistagmografia não realiza.

Preparos
Nenhum preparo específico, embora seja importante evitar o uso de sedativos ou álcool.

Finalidade
O exame avalia a função do sistema vestibular e identifica distúrbios em um ou ambos os canais semicirculares do ouvido interno.

Indicações
Vertigem, desequilíbrio, tontura de origem vestibular.

Interpretação e Resultados
Decerto, resultados normais confirmam que o reflexo vestíbulo-ocular funciona adequadamente. Por outro lado, desvios indicam uma disfunção em alguma parte do sistema vestibular, que pode envolver o labirinto, o nervo vestibular ou estruturas cerebrais que auxiliam no reflexo.

Infelizmente, os planos de saúde não cobrem esse exame. No entanto, ele avalia o funcionamento dos labirintos, tornando-se útil na suspeita de condições como neurite vestibular, presbivestibulopatia e hipofunção vestibular uni ou bilateral.

3. Posturografia

Princípio Fisiológico
A posturografia avalia o equilíbrio do paciente por meio de uma plataforma sensível ao movimento, que detecta mudanças posturais em resposta a diferentes estímulos.

Como é feito?
O paciente fica em pé sobre uma plataforma que mede os movimentos do corpo, enquanto o ambiente ao redor pode ser alterado para testar diferentes condições de equilíbrio (como superfícies irregulares ou luzes apagadas).

Preparos
O paciente deve vestir roupas confortáveis, usar sapatos baixos e evitar o consumo de álcool ou medicamentos que possam afetar o equilíbrio antes do exame.

Finalidade
O exame avalia a função do equilíbrio em diferentes condições para determinar se o problema resulta de uma falha nos sistemas vestibular, visual ou proprioceptivo.

Indicações
Tontura crônica, distúrbios posturais e dificuldades de equilíbrio.

Interpretação e Resultados
O exame avalia como o paciente se comporta em diferentes situações de equilíbrio e monitora a evolução do tratamento em condições como TPPP e hipofunção vestibular uni ou bilateral.

4. Ressonância Magnética de Ouvidos e/ou Encéfalo

Princípio Fisiológico
A ressonância magnética alinha e desalinha rapidamente os prótons de hidrogênio no corpo. Nesse processo, o grande ímã dentro da máquina cria um campo magnético forte, alinhando os prótons.

A bobina, posicionada sobre a área a ser examinada, envia ondas de radiofrequência a fim de melhorar a qualidade das imagens e desalinha os prótons.

Logo após, ao desligar as ondas de radiofrequência, os prótons retomam seu alinhamento original com o campo magnético e liberam energia. Dessa forma, a máquina capta essas informações, que o computador interpreta para gerar as imagens que visualizamos.

Como é feito?
O médico posiciona o paciente em uma máquina de ressonância magnética (RM), que captura imagens detalhadas do cérebro e das áreas relacionadas ao equilíbrio.

Preparos
Em alguns casos, pode ser necessário retirar objetos metálicos antes do exame. A ressonância é indolor, mas alguns pacientes podem sentir desconforto devido ao ambiente fechado da máquina.

Finalidade: Detectar lesões, tumores ou problemas estruturais no cérebro ou no ouvido interno que possam estar causando a tontura.

Indicações
Tontura persistente sem causa aparente, suspeita de doença neurológica ou tumores.

Interpretação e Resultados
Lesões ou alterações nas áreas do cérebro ou ouvidos internos podem ser identificadas, ajudando a esclarecer a causa da tontura.

5. Exames Laboratoriais para investigação da Tontura

Princípio Fisiológico
Os médicos realizam exames de sangue e outros testes laboratoriais a fim de avaliar o funcionamento geral do corpo e identificar possíveis desequilíbrios metabólicos ou infecções que possam causar a tontura.

Como é feito?
O paciente realiza uma coleta de sangue para testes diversos, como hemograma, dosagem de eletrólitos, glicose, e outros indicadores de saúde.

Preparos
Dependendo do exame, pode ser necessário jejum ou suspensão de certos medicamentos.

Finalidade
Identificar causas sistêmicas de tontura, como anemia, problemas de glicose, ou distúrbios metabólicos.

Indicações
Tontura acompanhada de outros sintomas gerais, como fadiga ou fraqueza.

Interpretação e Resultados
Por conseguinte, resultados anormais podem indicar que a tontura tem uma causa sistêmica, como deficiência de ferro, distúrbios endócrinos ou desequilíbrios eletrolíticos.

6. Tomografia Computadorizada de Ouvidos na investigação da Tontura

Princípio Fisiológico
A tomografia computadorizada (TC) utiliza raios-X e um computador para gerar imagens detalhadas das estruturas internas do ouvido.

Como é feito?
O paciente é posicionado em uma máquina de TC, onde são feitas imagens detalhadas das áreas do ouvido interno.

Preparos
Não requer grandes preparos, mas pode ser necessário retirar objetos metálicos e informar se há algum dispositivo implantado.

Finalidade
Avaliar a anatomia do ouvido interno e detectar alterações, como Otite Média Colesteatomatosa, ou malformações como a Deiscência de Canal Semicircular Superior.

Indicações
Suspeita de doenças estruturais nos ouvidos internos.

Interpretação e Resultados
Alterações anatômicas ou infecções podem ser identificadas, ajudando a direcionar o diagnóstico.

7. VEMP Cervical e VEMP Ocular

Princípio Fisiológico
O VEMP (Potenciais Evocados Musculares Vestibulares) avalia a função dos órgãos otolíticos, que, por sua vez, estão localizados no labirinto e percebem a aceleração da cabeça, ao medir a resposta dos músculos do pescoço (cervical) ou dos olhos (ocular) a estímulos sonoros. Assim, esses órgãos reagem ao som, gerando uma resposta direta na musculatura do pescoço e dos olhos.

Como é feito?
O médico expõe o paciente a sons de alta intensidade e posiciona eletrodos no pescoço (VEMP cervical) ou ao redor dos olhos (VEMP ocular) a fim de medir a resposta muscular.

Preparos
Não há preparo específico.

Finalidade
O exame avalia a função dos órgãos otolíticos e identifica possíveis disfunções.

Indicações
Principalmente na suspeita de deiscência de canal semicircular.

Considerações finais sobre a investigação da Tontura

Uma consulta detalhada com um otorrinolaringologista é decerto essencial para a investigação da tontura e para identificar sua causa. Aliás, a avaliação minuciosa de cada sistema sensorial, como o vestibular, auditivo e proprioceptivo, possibilita a detecção de disfunções específicas que podem ser tratadas de forma eficaz. Além disso, diante da suspeita de uma doença, alguns exames podem auxiliar no diagnóstico preciso.

Contudo, é importante destacar que os exames mencionados não definem exatamente o diagnóstico, pois eles analisam, sobretudo, o funcionamento das estruturas do equilíbrio. Assim, mesmo que todos os resultados estejam normais, ainda pode haver uma causa para a tontura, como no caso da TPPP e da Migrânea Vestibular, em que os exames frequentemente não apresentam alterações.

Cada exame possui uma finalidade específica, sendo assim, deve ser interpretado conforme a condição clínica do paciente. Desse modo, eles ajudam os médicos a compreender melhor a origem da tontura e a oferecer o tratamento mais adequado.

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Portanto, consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

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