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Síndrome de Deiscência do Canal Superior: a tontura desencadeada pelo som

Deiscência do Canal Semicircular Superior: Causas e Sintomas

Introdução

A Deiscência do Canal Semicircular Superior (DCSS) é uma condição rara que afeta o sistema o labirinto, uma parte crucial do ouvido interno responsável pelo equilíbrio. O termo “deiscência” refere-se à abertura ou falha na cobertura óssea que envolve os canais semicirculares, que são responsáveis pela detecção de movimentos rotacionais da cabeça.

Quando essa cobertura óssea se torna fina ou se rompe, pode resultar em uma série de sintomas desconfortáveis e debilitantes, como vertigem, perda auditiva e sensibilidade a sons.

Síndrome de Deiscência do Canal Semicircular Superior

O que é o Canal Semicircular Superior?

O canal semicircular superior é um dos três canais semicirculares preenchidos por fluido no ouvido interno. Aliás, esses canais desempenham um papel importante na detecção de movimentos da cabeça, ajudando o cérebro a regular o equilíbrio.

Normalmente, uma camada óssea protege o canal semicircular superior. No entanto, quando essa camada apresenta uma abertura (deiscência) ou está excessivamente fina, inegavelmente ocorrem alterações na audição e no equilíbrio.

Causas da Deiscência do Canal Semicircular Superior

A causa exata da deiscência do canal semicircular superior ainda não é completamente compreendida. No entanto, acredita-se que a condição possa ser causada por diversos fatores, incluindo:

  1. Anatomia congênita: A maioria dos casos de DCSS são congênitos, ou seja, os pacientes nascem com essa anomalia. A espessura da parede óssea que cobre o canal semicircular superior pode ser insuficiente, permitindo a formação de uma abertura (deiscência) à medida que a pessoa cresce.
  2. Trauma ou lesões: Embora rara, uma fratura do crânio ou lesões diretas na cabeça podem causar a ruptura da cobertura óssea do canal semicircular superior.
  3. Fatores de desenvolvimento: Algumas condições genéticas ou anomalias no desenvolvimento ósseo podem predispor a pessoa à deiscência do canal semicircular superior.
  4. Fatores degenerativos: O envelhecimento ou alterações ósseas podem contribuir para o desgaste da cobertura óssea que envolve o canal semicircular.
  5. Pressão intracraniana aumentada: Alterações na pressão dentro do crânio, como em situações de aumento da pressão venosa, podem exacerbar a deiscência em indivíduos predispostos.

Sintomas da Deiscência do Canal Semicircular Superior

Os sintomas da DCSS podem variar em intensidade e manifestação clínica, mas geralmente envolvem uma combinação de sinais auditivos e vestibulares. Os principais sintomas incluem:

  1. Vertigem: Sensação de que o ambiente ao redor está girando, especialmente em resposta a certos sons ou pressões no ouvido afetado. A vertigem pode ser desencadeada por sons de alta intensidade ou mudanças na pressão do ar, como em ambientes ruidosos ou ao voar de avião.
  2. Hiperacusia: Uma sensibilidade aumentada a sons normais, que pode ser dolorosa ou desconfortável. Sons aparentemente normais podem parecer excessivamente altos ou até insuportáveis.
  3. Perda auditiva: Pode ocorrer uma perda auditiva condutiva, especialmente em frequências mais baixas. Isso acontece porque o som chega ao ouvido interno por vias anormais, através da abertura no canal semicircular superior, em vez de ser transmitido pelas vias normais.
  4. Sensação de “flutuação” ou “sentimento de estar em movimento”: Algumas pessoas com DCSS relatam uma sensação de desequilíbrio, como se estivessem flutuando ou sendo puxadas para algum lugar.
  5. Dor ou pressão no ouvido: Embora menos comum, alguns pacientes também experimentam dor ou sensação de pressão no ouvido afetado, especialmente durante episódios de vertigem.

Outos sintomas possíveis: zumbido pulsátil, zumbido de outra característica, ouvir sons internos do corpo.

Como Surgem os Sintomas

Os sintomas da DCSS geralmente estão relacionados a estímulos auditivos ou mudanças na pressão do ambiente, como barulho alto, voos de avião ou mudanças súbitas de altitude. A abertura no canal semicircular superior permite que sons intensos ou variações de pressão no ouvido interno interfiram no equilíbrio e na percepção auditiva.

Além disso, a disfunção do canal semicircular resulta em sinais confusos para o cérebro, que interpreta esses estímulos de maneira anormal, causando os episódios de vertigem.

Esses sintomas podem ser intermitentes, mas em alguns casos podem se tornar crônicos ou progressivos. A intensidade dos sintomas pode variar dependendo do tamanho da deiscência e de fatores como a pressão intracraniana ou a exposição a sons fortes.

Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Deiscência do Canal Semicircular Superior?

O diagnóstico da DCSS é desafiador, uma vez que os sintomas podem se assemelhar aos de outras condições vestibulares ou auditivas. O processo diagnóstico envolve uma combinação de avaliação clínica detalhada, exames específicos de imagem e testes audiológicos.

História Clínica e Exame Físico

O primeiro passo no diagnóstico é uma avaliação detalhada do histórico médico do paciente, incluindo o início e a natureza dos sintomas. O médico também pode realizar um exame físico para observar sinais de desequilíbrio ou disfunção vestibular.

Exames de Imagem

Os exames de imagem é fundamental para o diagnóstico definitivo da DCSS. Os métodos mais comuns incluem:

  • Tomografia Computadorizada (TC) de Alta Resolução: A TC é o exame de escolha para identificar a deiscência óssea no canal semicircular superior. Ela permite visualizar com clareza a espessura da parede óssea e confirmar a presença de qualquer abertura.
  • Ressonância Magnética (RM): Embora a RM não seja tão eficaz quanto a TC para identificar a deiscência óssea, ela pode ser útil para avaliar outras estruturas do ouvido interno e excluir condições associadas, como a síndrome de Menière ou tumor.

Testes Vestibulares e Auditivos

  • Testes de função vestibular: O principal teste alterado é o cVEMP – o Potencial Evocado Miogênico Vestibular Cervical, esse é o principal teste que auxilia no diagnóstico.
  • Audiometria: A audiometria pode ser realizada para verificar a presença de perda auditiva. A perda auditiva condutiva é comum em pacientes com DCSS, pois o som pode ser conduzido de forma anômala para o ouvido interno.
  • Teste de Tullio: O Teste de Tullio avalia se sons de diferentes intensidades desencadeiam vertigem no paciente. Nesse teste, o médico expõe o paciente a estímulos sonoros intensos e observa se ocorre o fenômeno de Tullio, ou seja, vertigem induzida por som. Esse fenômeno pode indicar a presença de DCSS. Além disso, o teste verifica se o paciente apresenta nistagmo (movimento ocular específico) em resposta ao estímulo sonoro.

Tratamentos para Síndrome de Deiscência do Canal Semicircular Superior

O tratamento da DCSS depende da gravidade dos sintomas e da repercussão na qualidade de vida do paciente. As opções incluem:

Tratamento Conservador

Para casos leves a moderados, o tratamento conservador pode ser suficiente. Isso pode incluir:

  • Evitar gatilhos: Minimizar a exposição a sons altos ou ambientes com variações bruscas de pressão, como aviões, pode ajudar a reduzir os episódios de vertigem.
  • Medicações vestibulares: Medicamentos como anti-histamínicos ou sedativos vestibulares podem ser usados para controlar os sintomas de vertigem e náusea, embora não tratem a causa subjacente da deiscência.

Tratamento Cirúrgico

Em casos mais graves, ou quando os sintomas se tornam incapacitantes, os médicos podem recomendar o tratamento cirúrgico. A principal opção é a oclusão do canal semicircular superior, que fecha a abertura no canal e impede, assim, que estímulos sonoros ou pressões externas desencadeiem os sintomas.

Considerações finais

A deiscência do canal semicircular superior é uma condição rara, mas com impacto significativo na qualidade de vida devido à vertigem, hiperacusia e perda auditiva. Embora o diagnóstico seja desafiador e envolva exames de imagem especializados, o tratamento, seja conservador ou cirúrgico, pode melhorar bastante os sintomas.

Se você está enfrentando sintomas como vertigem inexplicável ou sensibilidade a sons, procurar um especialista em otorrinolaringologia ou neurologia é fundamental para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

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