Tratamento do zumbido: por onde começar?

O tratamento do zumbido é focado em reduzir o incômodo e o sofrimento causado por ele. Para isso, é essencial entender sua origem, como ele funciona e por que está presente.

Comece pelo início

Essa ideia pode parecer estranha, mas hoje sabemos que uma das etapas mais importantes no tratamento do zumbido é a explicação sobre o sintoma. Entender sua origem, como ele funciona e por que está presente é essencial para diminuir o incômodo que causa. Além disso, desmistificar crenças errôneas pode ter um impacto direto na percepção desse sintoma.

O tratamento, aliás, é focado exatamente nisso: reduzir o incômodo e o sofrimento causado pelo zumbido. Essa etapa inicial é chamada de aconselhamento, mas, infelizmente, nem todos os profissionais reconhecem sua importância. Em vez de tranquilizar e acolher o paciente, muitos acabam alimentando sua frustração com frases como:

• “Zumbido não tem cura.”
• “Você precisa aprender a conviver com isso.”
• “Não há nada que eu possa fazer.”

Essas declarações reforçam o medo e a sensação de desamparo. O paciente, então, adiciona à sua angústia o sentimento de que ninguém o entende ou pode ajudá-lo. Na verdade, o que ele mais precisa é que sua queixa seja validada.

Entendendo o Zumbido

Saber por que e como o zumbido surge é um passo essencial. Sentir que ele não é “coisa da sua cabeça” já ajuda a aliviar parte do impacto emocional. O foco do tratamento é reduzir o incômodo, levando o zumbido para o inconsciente e diminuindo sua percepção no dia a dia.

Mas por que o zumbido surge?

Hoje sabemos que, para uma pessoa apresentar zumbido, geralmente há algum problema no ouvido, como um dano ou redução da capacidade auditiva. Mesmo que isso nem sempre apareça nos exames, o cérebro percebe o problema, afinal, é ele quem realmente “ouve” — o ouvido apenas capta os sons.

O cérebro, como um perfeccionista, tenta corrigir o problema, mas ele não consegue “mandar” no ouvido. Então, decide ajustar o nervo responsável por levar as informações do ouvido até o cérebro, tornando-o mais sensível para conduzir até mesmo sons que antes seriam considerados “silêncio”.

O silêncio, porém, não é a ausência de som. Nosso corpo está sempre gerando barulhos, como vasos pulsando ou músculos se movendo, mas o cérebro interpreta esses ruídos como “silêncio” quando eles não têm ritmo ou corrente elétrica suficiente. Com o nervo ajustado, esses sons podem ganhar ritmo e intensidade, gerando o zumbido.

O significado do zumbido

Por que alguns sons, como o de uma geladeira ou de um filtro de água, não incomodam, mas o zumbido sim? O problema está no significado que atribuímos a ele.

Se você considera o zumbido algo perigoso ou angustiante, seu cérebro entra em estado de alerta, ativando “sirenes” de perigo. Frases como:

• “Não tem o que fazer.”
• “Aprenda a conviver.”
• “Minha tia ficou surda por causa disso.”
• “Conforme-se”
• “Um primo do sobrinho do meu amigo tinha e ele também tinha um tumor”
• “Não existe tratamento”

Reforçam o medo e aumentam o incômodo. O cérebro, preso a essas emoções negativas, torna o sintoma cada vez mais difícil de ignorar. Por isso, o tratamento deve incluir a ressignificação desse sintoma, ajudando o paciente a diferenciar fatos reais de crenças ou informações equivocadas.

A relação entre o cérebro e o zumbido

Agora que você entende melhor o funcionamento do zumbido, pode começar a desligar algumas dessas “sirenes” mentais. Compreender o que piora ou alivia o sintoma ajuda a diminuir o impacto que ele tem na sua vida.

O zumbido está diretamente ligado ao cérebro. Por isso, mudanças em áreas como sono, alimentação, manejo do estresse e atividade física podem influenciar positivamente o tratamento. O cérebro funciona como um copo cheio, e pequenos ajustes podem evitar que ele transborde.

Reflita sobre o seu zumbido

Com essas informações, pergunte a si mesmo:

• Qual é o significado do zumbido para você?
• Por que ele incomoda, enquanto outros sons não?
• Quais medos estão associados ao zumbido?

Converse sobre essas reflexões com seu médico e descubra como o aconselhamento e o tratamento podem ajudá-lo a recuperar sua qualidade de vida.

• Saiba mais: Causas do Zumbido: Entendendo as diversas origens

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Consulte um especialista em Doenças do Labirinto.