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Diagnóstico da Tontura: Por que só exames não são suficientes | Dra. Daniela Janolli

Diagnóstico da Tontura: Por que só exames não são suficientes?

O diagnóstico de tontura é uma tarefa desafiadora, que exige atenção aos detalhes e muita paciência. Determinamos a causa por meio de uma investigação global, que inclui a história clínica do paciente, o exame físico e exames complementares.

Tontura e Diagnósticos Equivocados: Um Problema Estrutural

É bastante comum que, em primeiras consultas, eu receba pacientes com a seguinte história: “Sinto essa tontura há anos. Consultei alguns médicos e fiz o exame otoneurológico (vectonistagmografia ou eletronistagmografia), que deu resultado normal. O médico encaminhou-me para tratamento com um psiquiatra, alegando que a causa da minha tontura era emocional.”

E não é apenas uma ou duas vezes por semana que recebo pacientes relatando sua “peregrinação”, ou como um deles chamou, sua “via sacra”, em busca do diagnóstico para a causa da tontura. Na verdade, diariamente, mais de um paciente relata essa dificuldade.

A questão é estrutural na otorrinolaringologia: muitos profissionais desconhecem os transtornos e doenças que podem, de maneira idêntica, causar sintomas semelhantes à labirintite, por exemplo. Por falta de conhecimento, acabam diagnosticando erroneamente como labirintite o que, na verdade, não é. Como resultado, o paciente recebe um diagnóstico incorreto e um tratamento inadequado.

Mas o que é de fato a Labirintite? Ela é diagnosticada por exames?

Primeiramente, é sempre bom lembrar que labirintite é uma doença RARÍSSIMA.

Labirintite é a inflamação e infecção do labirinto, geralmente ocorrendo quando uma otite se complica. Ela se manifesta com uma tontura intensa e persistente, que dura dias, acompanhada de náuseas, vômitos, sensação de ouvido cheio, zumbido e, em alguns casos, perda auditiva.

Esses sintomas costumam surgir em um contexto de dor de ouvido, febre e sintomas nasais associados. O tratamento inclui anti-inflamatórios, antibióticos e medicamentos para aliviar a tontura. Posteriormente, é importante avaliar se o labirinto sofreu alguma sequela funcional.

A labirintite é uma doença dramática, mas muito rara, exceto em casos de perfuração do tímpano ou otite média crônica. O uso inadequado do termo “labirintite” dificulta o acesso ao diagnóstico correto e ao tratamento que realmente pode aliviar o sintoma.

O diagnóstico da Labirintite é baseado nos sintomas e nos sinais que o corpo apresenta, observados durante o exame físico. Ou seja, não depende de qualquer exame, seja ele otoneurológico, de ressonância magnética ou de sangue.

Portanto, um exame com resultado normal não significa necessariamente que a tontura não possa ser causada por uma alteração nos labirintos, já que algumas doenças do equilíbrio podem apresentar exames normais.

Entendendo o papel dos exames na busca pela causa da tontura

Para que serve, então, a vectonistagmografia? Ou eletronistagmografia, mais comumente chamada de exame otoneurológico completo? Esse exame é utilizado para entender melhor o funcionamento dos labirintos e sua conexão com os olhos, pescoço e sistema nervoso. No entanto, ele não revela a causa da tontura!

Nenhum exame fornece o diagnóstico definitivo. O especialista determina a causa da tontura por meio de uma investigação global, que inclui a história clínica do paciente, o exame físico — riquíssimo em informações — e, muitas vezes, outros exames complementares, como exames de sangue, além de testes de tratamento em algumas hipóteses.

Desvendar a causa da tontura é uma tarefa desafiadora que exige atenção aos detalhes e, acima de tudo, paciência. Tanto o paciente, que deve entender que esse processo pode exigir várias consultas, quanto o médico, que precisa ouvir atentamente e analisar com cuidado cada sinal, exame e sintoma relatado pelo paciente, desempenham papéis cruciais nesse processo.

Tontura e diagnóstico: A relevância de uma abordagem integral e individualizada

O sintoma de tontura ou vertigem é bastante comum e pode ser causado por mais de 50 doenças diferentes, incluindo condições que afetam o labirinto, doenças sistêmicas, metabólicas, neurológicas e até psiquiátricas.

Às vezes, o diagnóstico só é confirmado após um teste terapêutico. Isso significa que, com base na história dos sintomas, no exame físico e em exames complementares, formulamos algumas hipóteses sobre as possíveis doenças que podem estar causando a tontura e tratamos cada uma delas.

Quando há melhora, obtemos a resposta e confirmamos o diagnóstico. No entanto, em alguns casos, precisamos tratar questões que não estão diretamente relacionadas à origem da tontura, como diabetes, pré-diabetes, hipotireoidismo ou problemas de colesterol, que podem dificultar a recuperação de uma doença do labirinto.

Por isso, é fundamental que o paciente seja avaliado por um especialista, seja um otorrinolaringologista, otoneurologista ou um neurologista especializado em distúrbios do equilíbrio. É o que realmente faz a diferença para descobrir a causa da tontura e alcançar um tratamento bem-sucedido. Vale ressaltar que o neurologista geral muitas vezes encontra dificuldade ao lidar com casos de tontura.

Por se tratar de uma área complexa, que envolve detalhes e interseções com especialidades como ortopedia, neurologia, otorrinolaringologia, psiquiatria, endocrinologia, fisioterapia e fonoaudiologia, é essencial que o profissional esteja constantemente atualizado sobre o assunto.

Em suma, é necessário que haja tempo para o paciente descrever seus sintomas em detalhes. Além disso, é fundamental que o médico realize um exame minucioso e que se estabeleça um vínculo de confiança. Portanto, isso é muito mais importante do que qualquer exame.

O tratamento ideal deve ser individualizado e definido após uma avaliação médica criteriosa. Se você tem dúvidas sobre o seu diagnóstico de tontura, consulte um especialista em Doenças do Labirinto.

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